Expedição do Projeto OMUNGA na Amazônia | 1º Ciclo | Fev/20

Na primeira expedição OMUNGA na Amazônia, que ocorreu em janeiro/20,  Roberto Pascoal, empreendedor social e fundador da OMUNGA Grife Social e Instituto e Daniel Machado, fotógrafo voluntário, estabeleceram o primeiro contato com a comunidade escolar de Atalaia do Norte/AM e se contextualizaram sobre a realidade, necessidade, riquezas, desafios e, principalmente, ouviram pais, professores e o poder público sobre os desafios da educação (para ver o post sobre a primeira expedição, clique aqui).

Essa contextualização inicial foi fundamental para estruturar a segunda expedição, que contou com integrantes de um time selecionado para aprofundar nosso conhecimento sobre a educação de Atalaia do Norte.

Assim, em fevereiro/20 aconteceu a segunda expedição “OMUNGA na Amazônia” e, agora, com o objetivo de integrar o time de trabalho com a comunidade escolar e aprofundar a escuta com todos os professores da rede pública, já que estes serão beneficiados pelo novo projeto.

Foto: Divulgação | Projeto OMUNGA na Amazônia

Foram meses de preparo envolvendo logística, planejamento do conteúdo pedagógico, objetivos da captação de vídeos e fotos, preparação de equipe, contratação de terceiros e checklists, e mais uma vez percebemos a complexidade de nosso trabalho.

Nesse momento, fez muita diferença os esforços investidos em 2019 em gestão, planejamento e execução junto ao programa VOA da AmBev, e na preparação do time que construímos.

Como na primeira expedição, percorremos dois dias de viagem de barco, onde nosso time vivenciou a imensidão da Amazônia, navegando pelo rio Solimões, que nos levou de Manaus até a cidade de Benjamin Constant. Foi possível observar algumas cidades, pessoas que faziam parte da mesma viagem, além de integrar a equipe, que contava com novos integrantes.

Fotógrafo voluntário: Daniel Machado para o Projeto OMUNGA na Amazônia

A perplexidade do primeiro contato de nossa equipe com a Amazônia era visível em cada olhar. A viagem iniciou no sábado (07/02) ao meio-dia e chegamos em Atalaia do Norte na segunda-feira (09/02) à noite. O cansaço era perceptível. Contudo, o carinho que recebemos dos professores da cidade, numa recepção com música, danças indígenas e jantar, nos revigorou para os próximos dias.

Fotógrafo voluntário: Daniel Machado para o Projeto OMUNGA na Amazônia

“Foi uma nova experiência repleta de ansiedade e expectativa. Pois era uma nova cidade com novas características, foi a primeira ação junto a todos os professores de Atalaia do Norte, integrantes novos na equipe e um novo método de escuta”, relatou Roberto Pascoal.

O território do município de Atalaia do Norte corresponde a 78% do território do estado de Santa Catarina; por isso, reunir professores de regiões mais distantes é caro, leva tempo e muita disposição para enfrentar as condições nesse tipo de deslocamento.

Comparação de tamanho territorial entre o município de Atalaia do Norte e o estado de Santa Catarina, em mesma proporção.

A cidade também possui sérias limitações de acesso à internet, a ponto de comprometer simples mensagens enviadas pelo WhatsApp. Pesquisas e vídeo-aulas não estão tão disponíveis para essa comunidade.

A cidade não possui biblioteca e o acervo de livros literários nas escolas não supre o desejo das crianças e dos professores por histórias, imagens, cores, emoções e mais conhecimento.

Ana Carlota, coordenadora pedagógica voluntária da OMUNGA, ressaltou: “Em mais de trinta anos de atuação na área da educação, jamais vivi desafios tão árduos como esses professores vivem todos os dias para promover mais educação. Me sinto envergonhada por reclamar de qualquer coisa do meu trabalho. O trabalho desses professores é genuinamente louvável.”

Fotógrafo voluntário: Daniel Machado para o Projeto OMUNGA na Amazônia

Essa realidade nos faz acreditar cada vez mais no valor de nosso trabalho, e é, sem dúvidas, um elo para novas referências, para a manutenção do conhecimento, para novas ideias, ampliação da rede de relacionamento com profissionais da educação e uma visão de mundo capaz de promover liberdade, autonomia e poder de escolha, tanto para alunos quanto para professores.

Para melhorar cada vez mais a qualidade de nossas formações, não medimos esforços para reunir uma equipe altamente qualificada e que não fosse nutrida somente por boas intenções, mas por competência técnica e humana.

Assim, para essa segunda expedição, contamos com o seguinte time:

Roberto Pascoal – Responsável pelo projeto

Ana Carlota Niero – Coordenadora pedagógica

Saimon Alves – Produtor executivo

André Freire – Curador de conhecimento e mediador

Clarice Steil Siewert – Atriz, contadora de história e mediadora

Jura Arruda – Escritor, roteirista e mediador

Anderson Dresch – Produto audiovisual e mediador

Daniel Machado – Fotógrafo

Diego Nascimento – Produtor audiovisual

Maycom Mota – Cinegrafista

Foram três dias de formação. No primeiro, terça-feira, pela manhã, participamos de uma segunda cerimônia de boas-vindas, repleta de manifestações culturais com a presença do prefeito, da secretária de educação, vereadores e secretários municipais de várias áreas. Percebemos o calor humano da equipe escolar. Na sequência, Roberto Pascoal apresentou a OMUNGA, sua história, seus objetivos e a mecânica do novo projeto.

Fotógrafo voluntário: Daniel Machado para o Projeto OMUNGA na Amazônia

Nos dois dias subsequentes, 150 professores foram divididos em grupos e participaram de quatro oficinas de escuta, em sistema de rodízio, com as temáticas Novas Tecnologias, Leitura, Narrativa e Escrita, preestabelecidas em parceria com a Secretaria de Educação de Atalaia do Norte e professores, na primeira expedição em Janeiro.

Para Clarice Steil Siewert, atriz e contadora de história da OMUNGA “A Amazônia é imensa de tamanho, de histórias e de belezas. Foi uma experiência de vida conhecer um pouco desse povo, dessa cultura, dessa imensidão.

Fotógrafo voluntário: Daniel Machado para o Projeto OMUNGA na Amazônia

Para Jura Arruda, “Toda troca é fértil, e quando se está em meio a uma cultura diferente e tão rica, a sensação é sempre de que recebemos mais do que doamos. Acredito que só haverá vencedores aqui”.

Fotógrafo voluntário: Daniel Machado para o Projeto OMUNGA na Amazônia

No último período de formação, quinta-feira, na parte da tarde, Roberto Pascoal pensava que estaria encerrando a formação com palavras de reconhecimento pelo engajamento de todos e muita gratidão. Até que integrantes da Secretaria de Educação, o prefeito e professores nos surpreenderam com uma série de homenagens representadas por presentes – artesanato local indígena –, músicas, canções feitas especialmente para aquela ocasião, palavras emocionantes para cada integrante de nosso time e, por fim, a nomeação de Roberto Pascoal como “Kakaia” da OMUNGA. Isto é, um “Pajé” como são reconhecidas as lideranças da etnia Marubo, uma entre tantas etnias indígenas presentes na região.

Fotógrafo voluntário: Daniel Machado para o Projeto OMUNGA na Amazônia

Foram tantas manifestações de gratidão e afeto por parte dos professores por conta daquilo que compartilhamos que em alguns momentos pareceu-nos contraditório, já que nosso sentimento era de que tínhamos recebido muito mais do que oferecemos. Não pelos presentes que recebemos, mas pela verdade refletida em cada olhar, cada abraço e nos pedidos de “Voltem logo, por favor”.

Num lance de olhar era possível ver a emoção que tomou conta de cada um dos integrantes da equipe. Pascoal lembrou da importância dos esforços de Cristiane Perin, gestora de projetos e do Instituto OMUNGA para estruturar e viabilizar esse projeto.

Esse momento foi registrado e você pode assistir o vídeo abaixo:

Roberto Pascoal também lembrou de assinantes, doadores, voluntários, conselheiros, parceiros e empresas como Whirlpool, fabricante de eletrodomésticos detentora das marcas Brastemp, Consul e KitchenAid no Brasil, e Thyssenkrupp, investidoras do novo projeto (OMUNGA na Amazônia) que é viabilizado via Lei de Incentivo à Cultura, antiga Lei Rouanet.

Após o evento de encerramento, fomos convidados pelo Prefeito Municipal e pela Secretária de Educação para conhecer a aldeia São Luiz, da etnia Kanamari. O convite teve o objetivo de nos aproximar ainda mais da diversidade cultural da região e, assim, estarmos mais preparados para as próximas formações.

Fotógrafo voluntário: Daniel Machado para o Projeto OMUNGA na Amazônia

A tribo Kanamari faz parte das 05 etnias presentes no município. Do centro da cidade até a aldeia foram sete horas de viagem pelo rio Javari, onde conhecemos um pouco do lado peruano da Amazônia e fomos recebidos por crianças que revelavam sua presença em árvores, por meio de risos e muita curiosidade sobre os visitantes.

Fotógrafo voluntário: Daniel Machado para o Projeto OMUNGA na Amazônia

Mulheres e crianças nos receberam com cantos indígenas e pintaram nossos rostos como uma forma de nos integrar à aldeia. O cacique também nos deu boas-vindas e nos convidou para uma cerimônia de acolhimento no final daquela tarde.

Fotógrafo voluntário: Daniel Machado para o Projeto OMUNGA na Amazônia

Após o almoço, nos instalamos e fomos observar a aldeia, visitar algumas casas, fotografar, filmar e nos integrar com os membros da tribo que nos receberam com tanta atenção e reverência, que não imaginávamos antes de chegar lá.

Quando o sol começava a se pôr, uma apresentação cultural com música, dança e palavras de acolhimento nos encheram de emoção e gratidão pela oportunidade de viver aquele momento único.

Fotógrafo voluntário: Daniel Machado para o Projeto OMUNGA na Amazônia

Estar desbravando a Amazônia para promover mais educação e ser privilegiado por estar ali e conhecer a conexão daquelas pessoas com a terra e a natureza e entre si, e ser tocado por sua sensibilidade de nos permitir fazer parte daquilo, nos fez sentir o mais verdadeiro sentido do que denomino como #OMUNGAsoul – Alma OMUNGA – que é colocar em prática o nosso espírito desbravador para levar mais educação para regiões distantes ou isoladas, onde poucas ou nenhuma organização social atua, construindo condições para que possamos fazer parte da história, da cultura e da realidade desses lugares, com muito respeito e até devoção por cada indivíduo. Não nos sentimos melhores do que eles, mas acreditarmos que, juntos, podemos criar melhores condições de educação e dar voz a realidades adversas e desconhecidas por tantas pessoas do Brasil e do mundo. Sim, isso se chama #OMUNGAsoul”, ressaltou Roberto Pascoal.

No retorno para Atalaia do Norte e, posteriormente, para Joinville, ouvíamos de nossa equipe inúmeros relatos que apontavam a viagem como a “melhor viagem de nossas vidas” e “As lendas que ouvimos estão totalmente presentes em nós”.

Fotógrafo voluntário: Daniel Machado para o Projeto OMUNGA na Amazônia

Toda determinação, coragem, resiliência, entrega, persistência e o espírito de desbravamento para promover mais educação em regiões distantes como Atalaia do Norte nos conectou ainda mais com nosso propósito, poder de execução e sentido de vida.

O projeto “OMUNGA na Amazônia” viabilizará dois anos de formação cultural para todos os professores da rede pública de Atalaia do Norte, com ênfase na leitura, escrita, manifestações culturais e novas tecnologias. Também distribuirá livros para as escolas que fazem parte do município, viabilizará a construção de uma biblioteca, a produção de minidocumentários dos seis ciclos de formação que serão realizados e, por fim,  um documentário de média metragem que apresentará, por meio de nossas redes sociais e de forma gratuita, a execução de todo o projeto para que milhares de professores do Brasil possam acessar. O conteúdo pedagógico da OMUNGA será democratizado inspirando o maior número de educadores possível.

O projeto OMUNGA na Amazônia deveria ser lançado oficialmente no dia 23 de abril, mas em função da pandemia, foi postergado. A data será divulgada após a normalização das atividades.

A OMUNGA nunca esteve tão viva, vibrante e fazendo jus ao propósito ao qual ela foi fundada. Por isso, mais uma vez, agradecemos aos assinantes, doadores, investidores, parceiros, voluntários e à nossa equipe. Sem a soma desses esforços, nada disso é possível.

Foto: Divulgação | Projeto OMUNGA na Amazônia

Entendemos que o país e o mundo enfrentam desafios que até então eram inimagináveis, mas acreditamos que esse momento pode ser a circunstância ideal para reavaliarmos nossas vidas, valores, prioridades, a forma de nos relacionarmos, as causas e nossa disposição de sermos, cada vez mais, aquilo que o mundo precisa.

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Com carinho e gratidão,

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Texto publicado com a colaboração do redator e escritor Jura Arruda ([email protected]).

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