Doar é uma forma de permanecer humano

Nos últimos tempos, temos refletido, talvez mais do que nunca, sobre o que realmente importa. Sentido de vida. Propósito. Preenchimento. Mas o que, de fato, dá sentido à nossa existência?

Bebê da etnia Macuxi no 1º Ciclo de Desenvolvimento da Expedição OMUNGA no Monte Roraima.
Fotos: Daniel Machado

Entre tantas formas de construir uma vida com leveza e significado, ajudar parece ser uma das mais universais.

Ainda assim, ajudar quem está fora do nosso entorno segue sendo um desafio.

Por que é tão difícil se identificar com dores que não nos atingem diretamente?
Será que isso conversa com o nosso melhor senso de humanidade?
Ou será que está longe das nossas certezas, crenças, imediatismos, ansiedade ou percepções limitadas?

Talvez doemos porque algo dentro de nós se recusa a aceitar que a distância entre duas realidades seja o normal, o coerente… ou o destino.

Geralmente, ajudamos porque, quando algo faz sentido para nós, como uma criança com um livro nas mãos, onde a esperança ganha corpo, forma, direção.
E é nesse instante que o impulso se transforma em ação.
Ajudamos. Doamos. E, de alguma forma, renascemos junto.


A ciência explica o que o coração já sabe

A ciência chama essa centelha de warm glow: aquele bem-estar íntimo e mensurável que surge quando fazemos a nossa parte.

Não é só poesia.
Décadas de estudos em economia comportamental e psicologia mostram que doar ativa os sistemas de recompensa do cérebro e aumenta o sentido de propósito e conexão.

Mas doar não é apenas emoção.
É também resposta concreta a necessidades reais de milhões de pessoas.

Em 2024, os brasileiros doaram R$ 24,3 bilhões, entre dinheiro, bens e tempo.
Um retrato de um Brasil solidário, mas cada vez mais exigente: que quer ver impacto, verdade e seriedade.

Metade dessas doações foi motivada por emergências como enchentes, crises e outros tipos de calamidades, o que mostra a força da nossa empatia, mas também acende um alerta:

E quando o sentimento emergencial adormece?
E como ficam as milhões de crianças que vivem nas regiões mais distantes e isoladas do Brasil?

Menino da etnia Macuxi fotografado por Daniel Machado.

Quando o coração move, a confiança sustenta

A mais recente Pesquisa Doação Brasil revelou algo essencial: o doador quer confiar, mas antes, quer verificar. Quase metade dos brasileiros já deixou de doar por causa de notícias negativas.

Transparência, prestação de contas e presença real no território não são detalhes. São a ponte que transforma empatia em compromisso contínuo.

Estudos de Harvard e de outros centros confirmam: quando as pessoas veem o impacto concreto de sua contribuição como rostos, histórias, resultados, a propensão a doar cresce. E os benefícios subjetivos para quem doa (bem-estar, alegria, o chamado helper’s high) crescem junto.

É por isso que o trabalho ético em território faz toda a diferença.

Quando uma organização chega onde quase ninguém chega, ouve as lideranças locais, respeita o tempo do lugar e devolve resultados claros, ela honra o que o doador espera: dignidade, eficácia e verdade.

É isso que a OMUNGA faz

Na OMUNGA, nossa missão é transformar humanidade em ação. Transformar empatia em espaços literários abertos, professores valorizados, memórias preservadas e crianças lendo.

Tudo isso em lugares onde o mapa costuma terminar.

E é por isso que a sua doação não é um número. É uma escolha. Uma decisão sobre que tipo de sociedade queremos ser.

O fundador da OMUNGA Roberto Pascoal com a Profª. Ernestina, da Comunidade Willimon, da etnia Macuxi. Foto: Daniel Machado.

Como sintetiza Roberto Pascoal:

“Acredito que o nosso propósito dialoga com o futuro em que empresas e instituições estarão cada vez mais comprometidas em alcançar não apenas os que estão próximos, mas todos — inclusive aqueles que vivem nas regiões mais distantes e isoladas do Brasil.”

Doar é o verbo da humanidade

Se queremos um mundo melhor, precisamos pensar em todos. A humanidade é feita da totalidade. Não de bairrismos.

A doação é a forma mais simples e corajosa de afirmar: ninguém fica para trás. Ninguém solta a mão de ninguém.

Por que as pessoas doam?

Porque descobrem que cuidar do outro é também cuidar de si.


Porque percebem que o impacto é real.


Porque entendem que a confiança se constrói com escuta, transparência e presença.

E, no fundo, todos sabemos: a justiça começa quando a esperança de alguém encontra a nossa ação.

Boa doação!

Crianças da Comunidade Willimon, etnia Macuxi. Foto: Daniel Machado.