Expedição do Projeto OMUNGA na Amazônia | 5º Ciclo | Set/23
O 5º Ciclo de Desenvolvimento de Professores do Projeto OMUNGA na Amazônia trouxe uma sensação de despedida prévia.
Já que o Projeto contempla 06 ciclos e nós estávamos nos organizando para o penúltimo.
Com a temática “Laboratório de Construção de Projetos Educativo-Culturais”, o objetivo foi realizar atividades que inspirem os professores a criarem projetos com base nos aprendizados dos ciclos anteriores.
O resultado esperado são habilidades para elaboração de projetos educativo-culturais para aplicação de práticas pedagógicas no âmbito cultural de Atalaia do Norte e a da formação de leitores.
Para esta Expedição, contamos com mediadores que já tiveram experiências neste território, que já possuíam vínculo com os Professores de Atalaia do Norte e com temáticas relacionadas a projetos e a formação de leitores. Sendo eles: Márcio Cabral e Marina Pedrosa Poladian.
Também contamos com profissionais que experimentaram uma Expedição OMUNGA pela primeira vez, como foi o caso da Joice Lamb e Cris Rogério.
Em princípio, contaríamos com o Professor Linaldo Oliveira. Porém, poucos dias antes do embarque, ele apresentou sintomas de gripe e na véspera da Expedição, apresentou resultado positivo para COVID-19.
Esta Expedição já começava com boas doses de emoção.
Assim, tivemos que adaptar os conteúdos e ao invés de 04 oficinas, nos adequamos a situação para realizar 03 oficinas.
Eis o nosso time:
Mediadora: Cristiane Rogerio.
Oficina de Projetos: Sobre beleza e vínculo: como as histórias, os livros e as leituras podem ser um elo afetivo para o aprender.
Mediadora: Joice Lamb.
Oficina de Cultura: Projetos pedagógicos: iniciando a partir da escuta atenta dos professores e protagonismo dos alunos.
Mediador: Márcio Cabral.
Oficina: Inteligência coletiva para projetos engajadores
E mais:
Roberto Pascoal – Empreendedor Social e Diretor Geral do Projeto OMUNGA na Amazônia.
Daniel Machado – Coordenador Cultural.
Marina Pedrosa – Coordenadora de Oficinas.
Jackeline Moecke – Apoio Executivo.
Julio May – Produtor de áudio.
Douglas Camargo – Cinegrafista
E o roteiro foi o seguinte:
✈ 22/09 (sex) ou 23/09 (sáb), dependendo dos voos: Início do deslocamento para Manaus.
🛌 23/09 (sáb): Almoço por volta das 13h00, integração do time às 18h00 e jantar às 20h00, no próprio hotel em que pernoitamos em Manaus.
🚤 24/09 (dom) | 06h00: Partida de barco do Porto Ajato de Manaus rumo a Tabatinga.
🛻 25/09 (seg) | 19h00: Chegada em Tabatinga. Pernoite na cidade e jantar no próprio hotel.
🛖26/09 (ter): Por volta das 08h, partimos de Tabatinga para Atalaia do Norte em barco menor. Chegada à Atalaia do Norte por volta das 12h.
Na parte da tarde, visita aos locais onde aconteceram as oficinas e conferência de materiais e recursos audiovisuais e às 19h00 foi a abertura das atividades.
💥 27/09 (qua): Manhã de atividade em grupo com todos os professores e tarde de oficinas. Às 18h reunião de avaliação de resultados.
❤ 28/09 (qui): Manhã e tarde de oficinas. Às 18h reunião de avaliação de resultados.
🤝 29/09 (sex): Manhã de atividade coletiva e a tarde foi encerramento do ciclo. À noite, jantar com time da Secretaria de Educação.
🫂30/09 (sáb): Dia de interação com a comunidade.
🎒 1º/10 (dom): Café da Manhã de despedida. Às 13h00 iniciamos o retorno, saindo de Atalaia do Norte para Tabatinga, onde pegamos avião para Manaus e destinos finais.
Além do Linaldo não poder participar, o deslocamento de barco até Atalaia do Norte foi um grande desafio em função da seca na Amazônia que comprometeu a navegação do Barco Soberanna. O percurso levou muito mais tempo e durante à noite a atenção da tripulação era redobrada.
Inclusive, este ciclo foi adiado mais de uma vez, justamente pelo impacto da seca neste território.
Outro ponto que testou nossa resistência foi o calor.
Além do desconforto térmico durante o ciclo, dos cuidados com a hidratação e alimentação, a seca fazia com que fosse necessário realizarmos longas caminhadas da beira do porto até onde se encontravam as embarcações.
Imaginem que ao invés dos barcos encostarem no porto ou trapiche, tínhamos que caminhar em torno de 600 metros até onde o barco conseguiu encostar, carregando 25 caixas de livros (20kg cada uma) sob um calor de aproximadamente 40ºC.
Alguns membros, como foi o caso da Joice, chegaram a passar mal com o calor e precisou contar com apoio de profissionais da área da saúde em Tabatinga. Cidade intermediária, última parada antes de Atalaia do Norte.
Ao invés de chegarmos à Atalaia do Norte na segunda-feira, 25 de setembro de 2023, tivemos que atracar em Tabatinga e concluímos o trajeto de chegada somente na terça-feira, dia 26.
Tudo ficou mais cansativo e exaustivo, mas, mesmo assim, avançamos!
Ao chegar em Atalaia, estávamos tão cansados que mal conseguimos aproveitar o almoço de acolhimento que os professores de Atalaia organizaram para os OMUNGUEIROS, num calor que parecia estar bem acima dos 40ºC.
Já na chegada, após Joice apresentar mal estar, foi a vez de Daniel Machado, nosso Coordenador Cultural, apresentar sintomas de fraqueza e sensação de desmaio; foi assim com quase todos os OMUNGUEIROS durante aqueles dias.
Depois do almoço, todos num astral “mais ou menos”, fomos visitar a escola onde aconteceriam as oficinas, organizar as salas e às 19h aconteceu a abertura do 5º Ciclo de Desenvolvimento de Professores do Projeto OMUNGA.
As oficinas ocorreram com mediadores tendo sensação de fraqueza, tomando soro nos intervalos, uns correndo até o posto de saúde para tomar soro na veia, por conta do calor na Amazônia.
Ahhh… também houve problemas no fornecimento de energia elétrica na cidade, o que deixou as salas de aula onde aconteciam as oficinas sem ar condicionado em determinados períodos.
Alguns, como Roberto Pascoal, Empreendedor Social e Fundador da OMUNGA, apresentaram sintomas mais fortes em problemas digestivos e também contaram com cuidados médicos.
Ao final, não sabíamos se a motivação de tanto mal estar era o calor, a alimentação, a água usada para o café ou para o suco, ou tantas outras coisas que resultaram na Expedição, até então, com o maior número de ocorrências de abatimento no time.
É importante ressaltar que tanto a Secretaria de Educação, quanto a Secretaria de Saúde foram IMPECÁVEIS em oferecer todo tipo de suporte. Da água de coco até o transporte para levar os OMUNGUEIROS até o Pronto Atendimento.
Contudo, as oficinas foram realizadas! Nós não nos entregamos!
Aproximadamente, 200 professores de Atalaia do Norte foram divididos em 03 grupos e os mediadores realizaram atividades para transformar ideias e demandas antigas, no contexto da cultura e da educação, em projetos de forma simplificada.
Menos burocracia e mais vivência, “mãos na massa”, compartilhamento de responsabilidades entre os alunos e voz aos alunos. Projetos efetivos de um modo mais colaborativo que não dependam unicamente do professor.
Inclusive, a oficina da mediadora Joice, aprofundou a reflexão sobre como envolver, engajar e encantar os alunos e, sobretudo, ouví-los.
E, a Joice foi ainda mais a fundo. Considerando a importância da floresta no contexto cultural do município, questões ambientais também foram debatidas.
A Cris Rogério trouxe técnicas, sugestões de abordagem, títulos de publicações e apresentou como os livros podem fazer parte de projetos pedagógicos em diferentes temáticas no cotidiano escolar de Atalaia do Norte.
Por fim, o mediador Márcio, criou situações para que os professores se ouvissem, trocassem percepções sobre tudo o que foi compartilhado nos ciclos anteriores, as atividades realizadas com seus alunos e seus resultados.
O Márcio até criou uma linha do tempo com tudo que aconteceu em termos de atividades desde o 1º Ciclo de Desenvolvimento de Professores em fevereiro de 2020.
As ideias foram sendo lapidadas, melhoradas e fortalecidas entre eles e o melhor foi perceber os professores ansiosos para voltar a sala de aula para aplicá-los.
Para a Professora Maria Rosedi Amim Batista, este ciclo serviu para resgatar a curiosidade dos alunos, para projetá-los ao futuro e também para melhorar a autoestima do Professor. “Vejam só, quanta potência adormecida”, disse ela.
Por meio das devolutivas, das fichas de avaliação, também foi possível perceber a aceitação dos Professores em relação ao 5º Ciclo.
A Secretária de Educação de Atalaia do Norte, Elizete Monteiro, compartilhou no último dia de oficinas que “O óbvio precisa ser dito. Porque as adversidades que nossos professores enfrentam no dia-a-dia escolar, por vezes, os desconecta dessas ideias, riquezas e ferramentas que inspiram tanto. Tornando o processo de aprendizado mais apaixonante e significativo para o professor, para o aluno e para os povos originários que influenciam diretamente nosso sistema educacional da cidade.”
Na sexta-feira, 29 de setembro, após a realização de todas as oficinas, houve a sensação de dever cumprido de forma mais intensa. Depois de tantos perrengues, foram entregues mais de 2.200 livros infantis para serem destinados a 22 escolas da cidade.
No sábado, 30 de setembro, visitamos mais uma vez a comunidade de Palmari que fica a 1 hora de barco a partir do centro urbano de Atalaia no Norte, para conhecer uma biblioteca comunitária criada a partir dos livros enviados para as diferentes comunidades de Atalaia do Norte.
Tivemos mais momentos de emoção com crianças apresentando tudo o que aprenderam a partir dos livros. Solicitaram títulos de assuntos específicos, percebemos falas sobre profissões, notamos como a leitura e a oralidade deram um salto. Teve quem pedisse mais livros, porque já havia lido todos que estavam lá e não iria demorar para ler o que havia acabado de chegar.
E, quem acreditou que estava tudo resolvido e que não teríamos mais perrengues, se enganou.
Na volta, vivenciamos greve em aeroportos, voo cancelados e um pequeno caos no aeroporto de Manaus.
Saímos de Atalaia do Norte no domingo, dia 1º de outubro às 13h. Já em Tabatinga/AM tivemos o primeiro imprevisto da volta, tendo nosso voo até Manaus cancelado. A remarcação do voo apenas para às 17 horas do dia seguinte. Desta forma, tivemos que dormir mais uma noite em Tabatinga/AM e no dia seguinte nosso voo saiu às 19 horas.
Não bastasse o desgaste físico e mental de uma remarcação de voo depois de 10 dias em Expedição, quando chegamos em Manaus mais imprevistos resultando em negociações, mediações, remarcações e acordos com a cia aérea.
Corre-corre para lá, corre-corre para cá e quase todos os integrantes conseguiram embarcar naquela madrugada.
Uma saga e ao mesmo tempo, uma grande oportunidade para praticar a resiliência na gestão de conflitos, imprevistos, cansaço e saudade de casa.
Alguns integrantes chegaram em casa somente na noite de quarta-feira, dia 04 de outubro, como foi o caso da mediadora Joice que mora em Porto Alegre/RS.
No fim de tudo, um ponto notável foi o clima estabelecido junto ao time. Mesmo com todos os imprevistos, todos permaneceram unidos, acolhedores e afetuosos para potencializar a melhor energia possível naquele contexto.
Foi bem melhor enfrentar esses desafios assim.
Como diz Roberto Pascoal, as pessoas não conseguem imaginar a complexidade de uma expedição como esta. Desde a elaboração do projeto, até a seleção de time e gestão de riscos. Mas, toda energia aplicada neste tipo de projeto vale a pena quando pensamos em cada criança e em cada professor que são atendidos.
O Projeto OMUNGA na Amazônia é viabilizado pela Lei de Incentivo à Cultura e conta com os investidores Whirlpool, fabricante de eletrodomésticos detentora das marcas Brastemp, Consul e KitchenAid no Brasil, IBM, Havan, Bayer e TKE, além de pessoas físicas que acreditam num mundo melhor por meio da valorização cultura e da educação. E, sobretudo, acreditam que se desejamos um mundo melhor, devemos cuidar de todos, independentemente de onde estejam.
Por isso, agradecemos e valorizamos o fato de termos propósitos tão comuns.
Também agradecemos a toda comunidade de Atalaia do Norte, que tanto nos acolhe e compartilha momentos inesquecíveis. E ao time desta expedição, que se entregou tanto para realizarmos momentos marcantes.
Muito obrigado por visitar nosso blog e até a próxima!
Com carinho e gratidão,
TIME DA OMUNGA
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