Expedição do Projeto OMUNGA na Amazônia | 2º Ciclo | Jul/22 

Foram dois anos sem ações em campo por conta da pandemia.

E quando executávamos o planejamento para viabilizar a primeira Expedição do Projeto OMUNGA na Amazônia após a pandemia, prevista para ocorrer em fevereiro/22, fomos surpreendidos pela variante Ômicron. Por segurança, a expedição foi postergada.


A motivação estava tão intensa que transformamos a frustração do cancelamento em energia, e foi criada a campanha 20.000 Livros para a Amazônia. O objetivo foi aumentar nossos impactos distribuindo mais livros de literatura infantil e infantojuvenil para as 21 escolas não indígenas de Atalaia do Norte/AM.

Em aproximadamente 05 meses atingimos o objetivo. Contamos com influenciadores como Tadashi Kadomoto, que nos ajudou a divulgar a campanha, além de pessoas, empresas, escritores e editoras de todo Brasil que enviaram livros para nosso escritório em Joinville/SC.
Só da cidade de Formiga, interior de Minas Gerais, recebemos mais de 10.000 livros por conta das articulações de nosso benfeitor, amigo e parceiro Gilmar Monteiro.

Neste período também iniciamos a pré-produção de uma série que levará o mesmo nome do projeto e contará com 07 episódios. A série OMUNGA na Amazônia será lançada em 2023 e apresentará todos os desafios e realizações que vivenciamos durante a execução desta iniciativa. Será de livre acesso (YouTube) e, em breve, você encontrará mais informações em nossas redes sociais.

Nos meses subsequentes a fevereiro/22 houve a diminuição de casos e mortes por conta da pandemia e da variante Ômicron. Em paralelo à campanha de doação de livros e à pré-produção da série, alinhamos novas datas, conteúdos e oficinas com a Secretaria de Educação de Atalaia do Norte/AM. Foi montado um novo time de formação e realizamos encontros virtuais para contextualização dos objetivos do plano pedagógico e cultural do projeto, para a elaboração das oficinas. Embalamos livros, compramos passagens e um longo checklist foi estruturado e constantemente revisado.

Foto Daniel Machado para o Projeto OMUNGA na Amazônia

De modo especial, o conteúdo e o time desta expedição contaram com uma variável que até então se apresentava de modo sutil em nossos projetos: as atividades de desenvolvimento humano.


Embora as atividades relacionadas a cultura e educação, inevitavelmente, potencializem o desenvolvimento humano, nos aprofundamos no tema por solicitação da Secretária de Educação de Atalaia do Norte/AM, em função dos impactos da pandemia nos professores.


Como seria a primeira atividade coletiva dos professores pós-pandemia, aspectos emocionais, acolhimento e ressignificação de seu papel enquanto agentes de transformação social tornaram-se fatores especialmente necessários; por isso, o tema foi abordado com mais ênfase em nossa programação.

Foto Daniel Machado para o Projeto OMUNGA na Amazônia

Deste modo, Tadashi Kadomoto teve um importante papel como coordenador das oficinas, juntamente com Ana Carlota Niero, Coordenadora Pedagógica da OMUNGA, na readequação do conteúdo para as oficinas.

Veja abaixo o time formado para esta expedição:

Ana Carlota Niero: Coordenadora Pedagógica do Projeto OMUNGA na Amazônia

Tadashi Kadomoto: Coordenador de Oficinas deste ciclo de formação

Claudiane de Carvalho: Mediadora/Oficineira

Marina Pedrosa: Mediadora/Oficineira

Márcio Cabral: Mediador/Oficineiro

Maria da Luz Machado: Bibliotecária e Apoio

Daniel Machado: Fotógrafo

Diego Nascimento: Diretor de Imagens

Maykom Mota: Cinegrafista

Roberto Pascoal: Diretor Geral do Projeto e Presidente – Executivo da OMUNGA

Foto Daniel Machado para o Projeto OMUNGA na Amazônia

E este foi o nosso roteiro:

✈️ 08/07 (sex) e 09/07 (sáb): Início do deslocamento para Manaus/AM. Alguns integrantes tiveram que iniciar o trajeto na sexta-feira, por conta dos horários de voos.

🛌 09/07 (sáb): Aconteceu a integração do time às 17h00 e, às 20h00, jantamos no próprio hotel em que pernoitamos.

🚤 10/07 (dom) | 06h00: Partimos de barco do Porto Ajato de Manaus/AM rumo a Benjamin Constant/AM.

🛻 11/07 (seg) | 18h00: Chegamos a Benjamin Constant/AM e nos deslocamos até Atalaia do Norte, chegando lá às 20h00;

🛖 12/07 (ter): Na parte da manhã, visitamos os locais onde aconteceram as oficinas e conferimos os materiais e recursos audiovisuais. Na parte da tarde, houve integração com a comunidade. À noite, às 19h00, aconteceu a abertura das atividades no Ginásio de Esportes.

💥 13/07 (qua): Manhã e tarde com oficinas. À noite, jantamos juntos e depois descansamos.

❤ 14/07 (qui): Manhã e tarde com oficinas. À noite, jantamos juntos e depois descansamos.

🤝🏼 15/07 (sex): Pela manhã aconteceram as oficinas e, na parte da tarde, ocorreu o evento de encerramento. À noite, jantamos juntos e depois descansamos.

🫂 16/07 (sáb): Dia de integração com a comunidade de Palmari, região rural de Atalaia do Norte/AM.

🎒 17/07 (dom): Café da manhã de despedida. Às 13h00 iniciamos o retorno de avião, de Tabatinga para Manaus e destinos.

🏠 18/07 (seg): Todos em casa.

A preparação do time para uma expedição da OMUNGA é sempre algo marcante para todos.
Além de aproximá-los de nossa missão, valores e propósitos, criamos uma atmosfera de escuta e troca, sempre respeitando a história, a cultura e os saberes locais das regiões onde atuamos.

Foto Daniel Machado para o Projeto OMUNGA na Amazônia

Na noite de sexta-feira e na madrugada de sábado, pessoas saíram de Florianópolis/SC, Joinville/SC, Curitiba/PR e São Paulo/SP rumo a Manaus/AM. Todos chegaram até o final da manhã e já havia algum cansaço. Mas nada como um acolhedor almoço ao lado do Teatro Amazonas para abastecer as energias.


Após o almoço houve um breve descanso e, no final da tarde, aconteceu um momento de integração muito especial. Todos puderam se apresentar, compartilhar sua história e como se conectaram aos propósitos da OMUNGA.


Roberto Pascoal fez uma apresentação da OMUNGA e revisou o Projeto OMUNGA na Amazônia. Tadashi Kadomoto entregou um cristal para cada membro e fez uma concentração de energia, nos deixando mais serenos, presentes e atentos a tudo que vivenciaríamos. Tadashi pediu para que cada um levasse o cristal consigo a todo momento durante a expedição!

Foto Daniel Machado para o Projeto OMUNGA na Amazônia

A Lancha Rápida Soberana, um barco com aproximadamente 140 lugares, partiu às 06h00 da manhã de domingo rumo a Benjamim Constant, cidade intermediária, última parada antes de Atalaia do Norte/AM.

O deslocamento até Atalaia do Norte/AM também soma muito. Durante todo o percurso, considerando uma viagem de quase 40 horas de barco, nos desconectamos das habituais rotinas para um mergulho numa nova realidade, região, contexto, cultura e, sobretudo, em nós mesmos.


E nesta expedição, um desafio adicional: tínhamos 21 caixas com aproximadamente 1400 livros para serem distribuídas em 21 escolas de Atalaia do Norte.

Foto Daniel Machado para o Projeto OMUNGA na Amazônia

Na viagem, pudemos conversar sobre os conteúdos, observar a imensidão amazônica, parar em várias cidades ribeirinhas, observar outras formas de viver e submergir naquele universo. As paradas, as refeições, o nascer e o pôr do sol fizeram com que o tempo passasse mais rápido e logo estávamos em Benjamin.

Foto Daniel Machado para o Projeto OMUNGA na Amazônia

Ao chegarmos em Benjamin Constant, no início da noite de segunda-feira, uma corrente humana foi feita para transferir as 21 caixas de livros do porão do barco até as caminhonetes que nos aguardavam no porto da cidade.

Foto Daniel Machado para o Projeto OMUNGA na Amazônia

Durante toda essa movimentação percebemos algo curioso: lá não havia ninguém da Secretaria de Educação nos aguardando.
De todo modo, seguimos em frente, agora em estrada de terra.


Até que, no meio do caminho, fomos interceptados por um ônibus totalmente decorado com elementos que fazem parte da história e cultura de Atalaia, além de outras simbologias que valorizavam a história da OMUNGA na cidade, como fotos, cartazes, artesanato, além de professores muito animados que não paravam de berrar: “OMUNGA, sejam bem-vindos!”.

Foto Daniel Machado para o Projeto OMUNGA na Amazônia

Mas a maior surpresa ainda estava por vir.


Ao chegarmos na entrada da cidade nos deparamos com uma “pequena multidão” nos aguardando. Havia faixas, cartazes, dezenas de motos, muitos professores; as pessoas que lá estavam demonstraram a expectativa em nossa presença, em nosso trabalho, em nossos propósitos.

Foi incrível! Nunca vivenciamos uma recepção tão intensa. A sensação é de que a cidade havia parado para nos receber, incluindo alguns integrantes de etnias indígenas.


Seguimos juntos até a praça central da cidade, onde o Prefeito e outras lideranças nos aguardavam para finalizar a recepção. Ficamos sem palavras, sem ação e quase que sem chão ao ver toda comunidade valorizando tanto os livros que chegavam, por meio de nosso trabalho.

Foto Daniel Machado para o Projeto OMUNGA na Amazônia

No dia seguinte, terça-feira, visitamos os locais onde aconteceriam as oficinas, e fomos conhecer escolas da região rural para o time se contextualizar ainda mais sobre a realidade de Atalaia do Norte/AM. Também ouvimos a Secretária de Educação sobre as dificuldades em gerir um espaço territorial tão grande, com características tão únicas, onde questões básicas como uma impressora ou banheiro ainda não fazem parte daquela realidade.


Foi mais um dia de troca, de observação, de assimilação para que ficássemos ainda mais sensíveis àquela realidade. E ficamos!

Foto Daniel Machado para o Projeto OMUNGA na Amazônia

Na manhã do dia seguinte, quarta-feira, aconteceu a abertura oficial das atividades com a presença do Prefeito, Secretários, Vereadores, representantes de etnias indígenas e demais lideranças locais.


Fomos surpreendidos com muitas apresentações culturais e, ainda pela manhã, iniciamos as atividades, que aconteceram de modo coletivo. Em seguida, foram formados 04 grupos entre os professores, para realizarem 04 oficinas em rodízio no decorrer da formação.

Foto Daniel Machado para o Projeto OMUNGA na Amazônia

No intervalo das oficinas, os professores compartilhavam pontos altamente positivos, seja a forma como o Tadashi os fez olhar para “dentro”, como o Márcio os instigava a pensar projetos “fora da caixa”, como a Claudiane “hipnotizava” a todos lendo poesias ou com os “livros mágicos” que a Marina apresentava.

Foto Daniel Machado para o Projeto OMUNGA na Amazônia

Em paralelo, a equipe de audiovisual coletava fotos e vídeos para nossa campanha do Projeto, e Roberto Pascoal se reunia com a Secretária de Educação e o Prefeito para estudarem o modo mais seguro de promover a continuidade do projeto. Era necessário revisitar o planejamento, visto que muitas incertezas se faziam presentes por conta dos resquícios da pandemia e, agora, também pelo período de seca, que dificulta o acesso à cidade por nossa equipe e pelos professores que moram no interior do município. As consequências do assassinato de Bruno Ferreira e Dom Phillips também criavam pontos de alerta, como a disponibilidade dos poucos quartos da cidade em função da presença da imprensa e agentes de segurança, e a atenção do poder público acabava sendo muito demandada.

Como diz Roberto Pascoal, “quem nos vê em campo não imagina as adversidades que contornamos e todos os detalhes que envolvem uma expedição como essa. Seja pelo nível do rio, barcos disponíveis e possíveis reações de nossos organismos por conta da água, alimentação, clima, mosquitos, adequando tudo ao que está descrito no projeto aprovado pela Secretaria Especial da Cultura do governo federal”.


Por várias vezes é necessário nos adaptar às inúmeras circunstâncias, alterar planos e prazos, num verdadeiro laboratório de flexibilidade e resiliência.

Foto Daniel Machado para o Projeto OMUNGA na Amazônia

Os três dias de atividades ocorreram com tranquilidade. Além da esfera do desenvolvimento humano, questões relacionadas a leitura, escrita, imagem e projetos foram abordadas em 04 oficinas. Os conteúdos do projeto e destas oficinas tiveram como base as demandas apresentadas pela comunidade escolar de Atalaia do Norte durante as expedições de escuta antes da pandemia.

Veja quais foram as oficinas:

Coordenador de Oficina e Mediador: Tadashi Kadomoto
Oficina:
Por que fazemos o que fazemos?

Foto Daniel Machado para o Projeto OMUNGA na Amazônia

Oficineira: Claudiane de Carvalho
Oficina: Cultura, memória e sonhos

Foto Daniel Machado para o Projeto OMUNGA na Amazônia

Oficineira: Marina Pedrosa
Oficina: Narrativas de sala de aula: da leitura à escrita de Diários Reflexivos

Foto Daniel Machado para o Projeto OMUNGA na Amazônia

Oficineiro: Márcio Cabral
Oficina:
Projetos Engajadores

Foto Daniel Machado para o Projeto OMUNGA na Amazônia

Era sexta-feira e já fazia quase uma semana que estávamos submersos numa realidade tão intensa. Estávamos todos muito cansados.


Mas durante a tarde de sexta fomos alimentados pelas devolutivas dos professores e inúmeras demonstrações de reconhecimento em palavras, músicas, poemas e discursos que valorizavam o nosso trabalho.

Cada caixa de livros representava o engajamento de pessoas de todo Brasil e que agora era entregue numa corrente humana formada por professores, representantes indígenas, pessoas que foram marcantes em nossa história com a cidade. Foi emocionante!


Fechamos o dia recebendo aquilo que faz de Atalaia do Norte/AM, em nossa visão, ser uma das cidades mais ricas que já conhecemos: a potencialidade daquelas pessoas!

Foto Daniel Machado para o Projeto OMUNGA na Amazônia

No sábado, último dia de atividades em Atalaia, aconteceu mais um momento de interação com a cidade. Fomos até a comunidade rural de Palmari, num deslocamento de aproximadamente 02 horas de barco. Lá, fomos recepcionados por lideranças comunitárias, famílias e suas crianças.


E, naquela ocasião, vivenciamos algo incrível.


Todos estávamos sentados em um círculo e colocamos uma das caixas de livros ao centro. Roberto Pascoal pediu para que o Márcio abrisse a caixa de livros e orientou que todos do time observassem a reação das crianças. Foi indescritível. Havia reações de espanto, curiosidade, surpresa e felicidade nos olhos daquelas crianças, muitas das quais vivenciando pela primeira vez na vida o contato com livros! Em momentos como esse, percebemos o quanto nosso trabalho é valioso e que todo desafio vale a pena.

Foto Daniel Machado para o Projeto OMUNGA na Amazônia

Ainda teve banho de rio, outros foram se energizar junto à mata e um delicioso almoço foi servido na casa de uma das principais lideranças daquela comunidade, o “Vovozinho”. Foi delicioso saborear tantas iguarias nativas. Estávamos em total comunhão com as pessoas e com a natureza.

Foto Daniel Machado para o Projeto OMUNGA na Amazônia

Voltamos reflexivos sobre tudo que havia sido vivido.


Ao chegar no porto de Atalaia, ao pôr do sol, Tadashi pediu que todos pegassem seus cristais. Uma nova concentração foi feita e cada integrante entregou um cristal para um profissional da Secretaria de Educação, representando toda energia do que havíamos vivenciado naqueles dias! Outro momento emocionante!


Para finalizar a jornada, no domingo, a equipe da Secretaria de Educação preparou um café da manhã especial, com todo tipo de alimento da região. Foi uma mistura de café da manhã, brunch e almoço com muita conversa boa, com sentido e com muito propósito.

Foto Daniel Machado para o Projeto OMUNGA na Amazônia

Quanto mais expedições como essa acontecem, mais vontade surge de realizarmos outros projetos da mesma natureza. Isso nos encoraja a ir cada vez mais longe e atender mais pessoas.


É muito verdadeiro! É muito genuíno! E altamente transformador para todos!


Agora temos muito trabalho pela frente. Temos a continuidade das formações, vamos elaborar o projeto arquitetônico de nossa biblioteca, iniciar sua construção, produzir uma série e um documentário.


Agradecemos ao time envolvido, a toda comunidade de Atalaia do Norte por nos proporcionar tantos momentos ricos, aos parceiros como a Lancha Rápida Soberana, aos investidores e a todos que, de algum modo, participam de nossas ações.


Acreditamos que o mundo precisa de mais pessoas assim!

Foto Daniel Machado para o Projeto OMUNGA na Amazônia

O Projeto OMUNGA na Amazônia é viabilizado pela Lei de Incentivo à Cultura e conta com os investidores Whirlpool, fabricante de eletrodomésticos detentora das marcas Brastemp, Consul e KitchenAid no Brasil, IBM, Havan, Bayer e TKE, além de pessoas físicas que acreditam num mundo melhor por meio da valorização da cultura e da educação.

Em breve, uma grande campanha será lançada para você conhecer ainda mais este projeto, incluindo uma série muito especial. Vem aí a série OMUNGA na Amazônia


Obrigado por visitarem nosso blog e até a próxima!

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